Caminhos Cruzados
Tempos diferentes, geografias variadas, paixões e religiões múltiplas. Um mundo inimitável, um inevitável acontecimento comum: a música. É a partir da diversidade e dos encontros de culturas que se desenha a temporada de 2025 na Casa da Música, e particularmente o festival que a inaugura e se estende por duas semanas: Caminhos Cruzados. O ano começa com a Orquestra Sinfónica e um programa ibérico, entre o português Francisco de Lacerda e as inspirações hispano-árabes de Falla, Ravel e Rimski-Korsakoff. Mais à frente, a formação recorda a paixão de Saint-Saëns pela Argélia, os retratos da crua realidade afro-americana por Zimmermann, ou a energia que Gershwin encontrou em Paris. A diversidade de ideias e de culturas domina a fascinante obra da Compositora em Residência escolhida para 2025, Liza Lim. O seu retrato musical percorre a temporada e inicia-se com o Remix Ensemble, num programa de estreias nacionais que nos dá a ouvir o sheng, milenar instrumento chinês pelas mãos do mestre Wu Wei, e nos revela nova música de Steve Reich interpretada em parceria com o Synergy Vocals. Inclui ainda uma obra dedicada à pianista Tamara Stefanovitch, que será solista na sua interpretação junto da Sinfónica. Pela primeira vez dirigida pelo prestigiado cravista iraniano-americano Mahan Esfahani, a Orquestra Barroca vai ao encontro de outras convergências, passeando pela enorme vitalidade artística da Berlim setecentista. O Coro traz-nos um programa dedicado à “errância”, do Lied germânico ao folclore magiar, do imaginário cigano aos hinos de peregrinação. Um estimulante arranque de temporada que inclui ainda uma sessão de teatro musical para famílias.