VENHA PARA DENTRO CÁ FORA

Já não é de hoje que a Casa da Música, ao longo do verão, tem vários momentos em que se liberta do edifício – como quem despe a camisola ou o vestido – para mergulhar no ar livre com aquilo que a define: a música.

São mais banhos de lua do que de sol, mas sempre embalados por concertos de entrada tão livre como o ar, proporcionando assim àqueles que pelas mais variadas razões não frequentam a Casa uma amostra do que se passa dentro dela. Seria possível ver nisto o melhor de dois mundos se a música programada pela Casa não abrisse ela mesma tantos outros mundos. Tomando como exemplo a esplanada, a ideia torna-se mais acessível: artistas e bandas de geografi as, culturas, estéticas e tipologias distintas desfi lam sobre o mesmo palco e partilham o seu talento criativo com o público num ambiente heterogéneo de intensa convivialidade. Fora do maior formalismo das salas, junta-se o útil ao agradável: a riqueza de experiências musicais de grande diversidade e a possibilidade de ir para além delas, em conversas espontâneas e abertas com os artistas.

As quartas-feiras na esplanada são dedicadas a escolas do ensino vocacional de música, representadas por alunos e bandas que ali têm um momento especial para mostrarem o trabalho desenvolvido durante o ano. Às quintas e sextas, o leque abre-se a projetos de identidade própria, uns já consolidados, outros ainda por descobrir, num espectro estilístico abrangente mas que, dado o contexto, privilegia os ritmos quentes e as tonalidades alegres. Em julho são oito os nomes a reter: Bahiandaluz, André Rio, Flerb, Sea Angels, Carlos Cavallini, Gobi Bear, Vitrolab e Clube do Choro – Porto com Patrícia Lestre.

Como sempre, na sua animada travessia do verão, a Casa da Música não se fica pela beira da porta, ela percorre a Área Metropolitana do Porto com concertos eruditos de fulgor popular oferecidos a cada cidade onde passa. O périplo arrancou em Gaia (ArrábidaShopping) e termina no Porto (Avenida dos Aliados). Para este mês, Maia e Matosinhos são os destinos agendados. Dia 20, a nossa Orquestra Sinfónica leva a solo maiato – Praça Dr. José Vieira de Carvalho – um programa irrecusável com algumas das mais belas melodias orquestrais de sempre, extraídas de óperas célebres, enquanto na noite seguinte sobe ao mesmo palco, também munido de um repertório festivo, o Conservatório de Música da Maia.

Mais à frente, dia 26 de julho, é de novo o agrupamento sinfónico da Casa a sair para a representar, desta vez no Matosinhos em Jazz, onde faz a estreia mundial de uma releitura da Nona Sinfonia de Beethoven por Gabriel Prokofiev (neto do famoso compositor russo com o mesmo apelido), que assume o papel de solista enquanto DJ, e interpreta uma sinfonietta revolucionária de Mason Bates. Mas, tal como na Maia, há também quem jogue em casa: a noite anterior está a cargo da Orquestra Jazz de Matosinhos, que conta com o norte-americano Nick Marchione, primeiro trompete da Vanguard Jazz Orchestra, nas funções de maestro e solista, para render uma homenagem à música festiva e contagiante de Thad Jones.

O último fim-de-semana do mês faz regressar, como sempre, o Encontro de Bandas Filarmónicas, cujos programas diários terminam com marchas na praça exterior da Casa.

Aproveite, pois, o melhor do verão e venha para dentro cá fora!