Partitura – Julho + Agosto 2024

São cerca de 40 concertos, muitos dos quais de entrada livre, combinando as estéticas mais distintas. Julho é tradicionalmente um mês de grande diversidade, onde os palcos exteriores assumem protagonismo, mas sem retirar brilho às múltiplas propostas com que nos acenam as salas da Casa da Música. Basta fazermos um voo rasante pela programação – já a seguir, nas páginas da Pauta – para que nos saltem à vista nomes como Anoushka Shankar, Mário Laginha ou Eliane Elias, entre outros. A filha do mestre sitarista Ravi Shankar, também ela uma artista de raríssima valia, apresenta-se com o seu novo e muito celebrado quinteto, para percorrer temas dos dois mini-álbuns que lançou recentemente e resgatar algumas pérolas de discos anteriores. Quanto ao pianista português, é digno de menção o facto de ter escolhido a Casa da Música para revelar em primeira mão, num recital a solo, o seu novo repertório, ele que, entre múltiplos álbuns que gravou com outros músicos, apenas uma vez havia lançado um disco sem companhia. Este concerto antecipa, tudo o indica, o seu sucessor. Artista de grande projeção internacional, a pianista de jazz brasileira Eliane Elias regressa a Portugal para continuar a história de concertos memoráveis com que nos tem brindado, desta vez defendendo ao vivo o aclamado álbum Quietude. São três gratos exemplos do muito de bom que há para ver este mês.

Aqui ao lado, na Tónica, apontamos o foco aos concertos exteriores, de entrada livre, que tradicionalmente invadem o Verão da Casa com música para os gostos mais diversificados, tanto na esplanada como em espaços públicos da Área Metropolitana do Porto. Vale a pena ficar a saber tudo quando pode apreciar ao ar livre. Dentro de portas, cabe ainda fazer alguns destaques: o regresso da nossa homenagem anual a Guilhermina Suggia, que compreende o Prémio Suggia, cujo corolário é um concerto dos três finalistas com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, e a Maratona de Violoncelistas, um non-stop de performances de violoncelo por alunos do ensino vocacional; mais uma edição do Sonópolis, um porta-estandarte do trabalho do Serviço Educativo com comunidades diversas, reunindo cerca de duas centenas de pessoas em palco; uma gala de ópera, preenchida por árias célebres, nas boas mãos do nosso agrupamento sinfónico; o concerto de final de ano letivo do Coro Infantil Casa da Música; e a visita de outro astro da música brasileira, Hamilton de Holanda, vencedor de vários Grammys, para tocar com a Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins.

Mas há muito mais que pode descobrir aqui, avançando pelas páginas deste jornal. Boas leituras!

TÓNICA

VENHA PARA DENTRO CÁ FORA

Já não é de hoje que a Casa da Música, ao longo do verão, tem vários momentos em que se liberta do edifício – como quem despe a camisola ou o vestido – para mergulhar no ar livre com aquilo que a define: a música.

São mais banhos de lua do que de sol, mas sempre embalados por concertos de entrada tão livre como o ar, proporcionando assim àqueles que pelas mais variadas razões não frequentam a Casa uma amostra do que se passa dentro dela. Seria possível ver nisto o melhor de dois mundos se a música programada pela Casa não abrisse ela mesma tantos outros mundos. Tomando como exemplo a esplanada, a ideia torna-se mais acessível: artistas e bandas de geografi as, culturas, estéticas e tipologias distintas desfi lam sobre o mesmo palco e partilham o seu talento criativo com o público num ambiente heterogéneo de intensa convivialidade. Fora do maior formalismo das salas, junta-se o útil ao agradável: a riqueza de experiências musicais de grande diversidade e a possibilidade de ir para além delas, em conversas espontâneas e abertas com os artistas.