Agenda 2024
Em 2024, Portugal é o País Tema da Casa da Música. A escolha tem como mote maior a celebração dos 50 anos do 25 de Abril, mas reflete também o desejo de assinalar outras datas marcantes, como os 500 anos do nascimento de Camões ou, numa perspetiva mais especificamente musical, os 100 anos do nascimento de Joly Braga Santos. Neste eixo estruturante da programação de 2024, há três ideias que se entretecem e complementam: a interpretação de algumas das melhores páginas da literatura musical portuguesa; a criação de contextos oportunos para que alguns dos melhores intérpretes portugueses se possam evidenciar no confronto com o mais exigente repertório internacional e colaborar com reputados maestros e solistas; e a evocação de grandes compositores do panorama internacional, cuja passagem por Portugal deixou marca na vida musical portuguesa e, muitas vezes, obra por cá composta.
Levantada uma pontinha do véu sobre o que será a Temporada, pode agora descobrir por si tudo o que temos para lhe dar a ver e ouvir ao longo do ano. Para o fazer basta descarregar aqui a nossa Agenda Anual.
Bem-vindos ao ANO DE PORTUGAL!
A Fundação Casa da Música tem elegido como fio condutor principal das suas Temporadas musicais um País, uma Região ou uma entidade geográfico-cultural. O modo consequente como desenvolvemos esta opção programática levou-nos a partilhar o conhecimento da Cultura e da Arte Musical, na diversidade do seu património histórico e criação contemporânea de Brasil, Espanha, França, Itália, Alemanha, Áustria, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, Oriente, Novo Mundo ou Países Nórdicos, a par do cuidado que sempre colocamos na divulgação da música portuguesa.
Buscando inspiração em temas extramusicais na conceção das Narrativas mensais – sejam eles socioculturais, históricos, religiosos, políticos, sazonais ou multidisciplinares –, temos querido suscitar a curiosidade de um público mais vasto, para além do naturalmente melómano.
Este tem sido um dos meios para convidar e estimular os cidadãos a fazer um exercício de inter-relacionamento entre várias formas de Arte e Conhecimento; entre grandes temas da Humanidade e a Música, nos seus mais variados géneros e proveniências.
Concebemos, assim, uma estratégia que, além de conter um potencial de enriquecimento cultural de quem nos segue, proporciona novas ferramentas de comunicação para chegar a públicos mais diversificados, mais bem informados e mais exigentes.
Esta linha de ação programática, multitemática e multifacetada, que teve, e tem, um dos seus pilares na criação de um programa de encomendas de novas obras e Residências Artísticas de alguns dos maiores Compositores e Intérpretes do nosso tempo, introduziu uma dinâmica particular e em constante evolução, que vai projetando a Casa da Música na posteridade.
Esta será mesmo uma das virtudes maiores de um modelo de gestão artística concertada da ORQUESTRA SINFÓNICA, do REMIX ENSEMBLE, da ORQUESTRA BARROCA e dos COROS adulto e infantil – ao que muito se deve a cumplicidade artística dos respetivos maestros titulares –, do acerto da missão do SERVIÇO EDUCATIVO e da inovação tecnológica permanente da DIGITÓPIA. Assim se tem estimulado a criatividade na programação, obrigando-nos a uma pesquisa e atualização constantes do repertório, dos artistas, de novos caminhos que a música vai tomando. Deste modo se focou o trabalho de programação e se permitiu cuidar da relação entre públicos, programação e o desafio das camadas significantes por desvendar.
Ao ter avançado, em 2018, para uma segunda abordagem musical de um país (no caso vertente, a Áustria, a que se seguiram a França, a Itália e a Alemanha), foi aberto caminho para o fim de um ciclo, e para uma tomada de consciência aguda da responsabilidade de o encerrar, no tempo e no ano certos, com um foco intenso, necessariamente criterioso e seletivo, na música e nos músicos portugueses.
A celebração em 2024 dos 50 anos do 25 de Abril foi o mote maior para a escolha do eixo estruturante da Temporada que ora se apresenta, numa perspetiva cosmopolita, enraizada no local e de abertura ao Mundo.
Pelo meio, não ficarão esquecidos nem os 500 anos do nascimento de Camões, nem tampouco os 100 anos do nascimento de Joly Braga Santos.
Assim sendo, o tripé conceptual em que assentará a programação do ANO DE PORTUGAL consiste em três ideias que se entretecem e complementam:
O REPERTÓRIO PORTUGUÊS
A interpretação de algumas das melhores páginas da literatura musical portuguesa, desde os tempos “áureos” da polifonia renascentista até aos nossos tempos. Os Agrupamentos Residentes terão aqui um papel fundamental, convocando a colaboração de maestros e solistas com reconhecida carreira internacional, que tragam um novo olhar sobre a interpretação da música portuguesa e que, pelo seu poder propositivo, possam depois levá-la aos grandes centros musicais.
E se o nosso património e atividade musical padecem de descontinuidades históricas prolongadas, os momentos áureos da produção musical nos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI colocam-nos perante opções que ganharão tanto mais sentido quanto maior for o conhecimento do percurso programático da Casa da Música.
A verdade é que a criação musical em Portugal tem visto nos últimos anos o aparecimento de novos compositores com notável talento e expressão internacional, assim como tem sobressaído uma nova geração criativa e ativa nas áreas do Jazz, Pop-Rock, Hip-hop, Improvisação, Fado e Eletrónica, nos melhores casos quebrando barreiras entre géneros, recusando as facilidades de uma mera operação de “fusão”. Depois de ter sido o primeiro Jovem Compositor em Residência na Casa da Música, no ano de 2007, VASCO MENDONÇA assumirá agora o papel de Compositor em Residência principal. Dele ouviremos peças de “repertório” e estreias mundiais, que evidenciarão o porquê de um reconhecimento internacional notável. Por seu turno, a SARA ROSS caberá a responsabilidade de inscrever a sua assinatura no lugar de Jovem Compositora em Residência.
OS INTÉRPRETES PORTUGUESES
Criar contextos oportunos para que alguns dos melhores intérpretes portugueses – muitos deles com carreiras estruturadas fora do país – se possam evidenciar no confronto com o mais exigente repertório internacional e colaborar com reputados maestros e solistas.
A “Integral dos Concertos para Piano de Sergei Prokofieff”, por exemplo, constituirá um desafio técnico-artístico considerável, exclusivamente colocado a solistas portugueses.
Homenagear Guilhermina Suggia, Helena Sá e Costa, Amália Rodrigues, Zeca Afonso e Carlos Paredes, como alguns dos maiores intérpretes portugueses de sempre, será uma ambição da programação.
O apoio aos jovens talentos nacionais, nos vários géneros musicais, continuará no centro da missão da Casa. Entre aqueles que são hoje muito mais do que “jovens promessas”, destacámos e distinguimos NUNO COELHO com o título, inédito na Casa, de Maestro Associado da Orquestra Sinfónica. JOÃO BARRADAS é um dos solistas portugueses mais internacionais e versáteis da atualidade. A ele caberá a figura de Artista em Residência, explorando as porosidades entre música popular e música erudita com o virtuosismo e inteligência musical do seu acordeão. Justamente na música popular, estaremos particularmente atentos não só aos jovens talentos, mas também a novas criações de músicos de referência no panorama nacional.
GRANDES COMPOSITORES EM PORTUGAL
Evocar grandes compositores do panorama internacional, cuja passagem por Portugal deixou marca na vida musical portuguesa e, muitas vezes, obra por cá composta.
Desde Domenico Scarlatti, que permaneceu 10 anos em Portugal, contratado por D. João V para assumir o cargo de “compositor régio”, até David Perez, compositor da Corte no reinado de D. José I, a espaços, Portugal atraiu compositores de primeira linha. Já no séc. XX, Maurice Ravel, com a sua presença em Portugal, e uma “afinidade eletiva” com o maestro Pedro de Freitas Branco, surge como um exemplo notável na nossa história da música. Franz Schreker (considerado o maior compositor de ópera nos anos 1920 e 1930) viveu e compôs obra importante no Estoril. Em sentido inverso e em tempos mais recentes, a relação entre Emmanuel Nunes e o maestro Peter Rundel foi ímpar e extremamente produtiva. Neste capítulo, importa realçar o regresso em 2024 daqueles que, tendo exercido o mister de Compositores em Residência, mantiveram uma relação de proximidade, empatia e compromisso com a Casa da Música, os seus Agrupamentos Residentes e os jovens compositores, nomeando aqui Magnus Lindberg, Pascal Dusapin, Luca Francesconi, Helmut Lachenmann, Unsuk Chin, Philippe Manoury, Rebecca Saunders e Peter Eötvös, muitos deles com obra composta, iniciada ou terminada durante as suas estadias no Porto.
Participação é um dos lemas na nova Temporada. A programação de 2024 amplifica essa assumida missão, dando espaço a milhares de pessoas cuja presença na Casa será – para a maioria – uma primeira experiência. Projetos/espetáculos comunitários, como ABRIL (com a Associação dos Deficientes das Forças Armadas), SONÓPOLIS ou os COROS PARTICIPATIVOS, abrir-se-ão a cidadãos oriundos das mais diversas realidades sociais, etárias ou geográficas, convocando as suas famílias para assistir e se envolverem na vida e na programação da Casa da Música. As MARATONAS DE TECLISTAS E DE VIOLONCELISTAS, a ORQUESTRA DE 100 FLAUTAS, 100 CLARINETES E 100 SAXOFONES, o novo programa de concertos FUTURE ROCKS e FUTURE JAZZ, convidam jovens estudantes de música a fazerem parte da agenda da Casa da Música e a serem os artistas em palco. Antevemos – desejamos vivamente – a participação ativa de milhares de jovens de uma faixa etária que se tem mostrado cada vez mais difícil de captar para os espaços de concerto tradicionais.
O CICLO DE PIANO e o CICLO DE JAZZ constituem outras vertentes estruturais da programação.
No Ciclo de Piano adiantaremos, como exemplos significativos, Maria João Pires – num esperado regresso –, Grigory Sokolov, Seong-Jin Cho ou Mário Laginha a solo, abrindo as portas ao Jazz.
No Ciclo de Jazz, destacamos a consagração de João Barradas ou a Orquestra Jazz de Matosinhos, entre muitas outras propostas oportunamente reveladas.
Na vertente da música popular – nacional e internacional – procuraremos a diversidade e, sobretudo, propostas inovadoras e credíveis, que ilustrem uma ramificação cada vez mais densa dentro dos géneros, para as quais a pura lógica do “mercado” não está vocacionada. Noutra perspetiva, complementar e necessária, não desdenharemos oportunidades que nos permitam oferecer ao público alguns dos “grandes nomes” do circuito internacional, que a seu tempo serão anunciados.
Para além dos Ciclos Temáticos e Narrativas tradicionais nas temporadas da Casa da Música, em 2024 introduzir-se-ão novas constelações temáticas que pontuarão o calendário.
Começando pelas novidades.
Em JANEIRO, À Nossa!, na Abertura Oficial do Ano de Portugal, a Casa da Música dedicará duas semanas de programação, em que alguns dos principais eixos programáticos da Temporada serão explicitados e contextualizados, para melhor usufruto do público. Algum do melhor repertório português passará pelas estantes de todos os Agrupamentos Residentes, num ano em que a Digitópia estará particularmente ativa. O Serviço Educativo encontrou forte inspiração em Eça de Queiroz para o espetáculo de teatro musical a estrear na abertura de temporada. Stefan Blunier e Sylvain Cambreling marcarão o nível, conduzindo a Orquestra Sinfónica através da música de Luís de Freitas Branco, Joly Braga Santos, Prokofieff (abertura da Integral dos Concertos para Piano) e Franz Schreker (Abertura “Memnon”, obra composta no Estoril em 1933), Emmanuel Nunes, Vasco Mendonça (no primeiro ato da sua Residência) e Ravel. Peter Rundel e o Remix Ensemble evocarão a sua relação única com Emmanuel Nunes, e farão as honras à obra de Vasco Mendonça e Peter Eötvös (“Fermata”, composição iniciada no Porto em 2019). A Orquestra Barroca terá em Laurence Cummings o habitual parceiro na defesa do barroco português, com Carlos Seixas, António Leal Moreira, Pedro Jorge Avondano e David Perez. Paul Hillier regressa ao “seu” Coro Casa da Música num contexto programático significante, dirigindo Duarte Lobo Lopes-Graça e uma obra por ele estreada de Carlos Caires.
A abertura da série Novos Valores do Fado e a primeira edição dos concertos Future Rocks e Future Jazz darão uma nova amplitude a um programa de abertura de Portugal 2024 que encerrará com Nuno Coelho a dirigir a Orquestra Sinfónica e um Coro Participativo na raramente tocada “História Trágico-Marítima” de Lopes-Graça.
Já em SETEMBRO, introduzimos uma temática – uma expressão artística – intrinsecamente ligada à música, de tal forma que não existiria sem ela. Convite à Dança será assim uma das Narrativas da Temporada mais convidativas ao cruzamento dos géneros musicais.
A Dança, sendo uma das formas de expressão mais antigas da Humanidade, desempenhou, desde tempos ancestrais, papéis muito diferentes nas sociedades. Entre ser parte essencial de rituais de culto, prática social espontânea ou de esmerada aprendizagem, até se assumir como forma de arte dramática na qual o grau de virtuosismo atlético exigido a torna inacessível ao comum dos mortais. Para a Dança foram compostas algumas das maiores obras-primas da música. Mas, na verdade, a Dança pode ser uma das formas de expressão artística mais democráticas.
Os termos Allemande, Courante, Sarabande, Gigue, remetem-nos para danças populares intrinsecamente ligadas a estruturas rítmicas da música barroca. Para o tornar ainda mais evidente, dois bailarinos acompanharão o concerto da Orquestra Barroca. A Orquestra Sinfónica recordar-nos-á um dos momentos mais determinantes da história da música e da dança com a sempre impressionante “Sagração da Primavera”. No seu terreno de eleição, o Remix Ensemble revelará ligações inesperadas entre a música do nosso século e a dança, com três obras em estreia em Portugal. Pontua a surpreendente iLolliPop do improvisador, trombonista e compositor Alex Paxton. As novas músicas urbanas de dança terão nesta Narrativa terreno fértil para um democrático convite à dança.
Invicta.Música.Filmes regressa em fevereiro. A Orquestra Sinfónica transporta-nos para uma “Noite em Hollywood” e o cine-concerto do Remix Ensemble, em Ano de Portugal, repõe uma criação feliz, a banda sonora composta por Igor C. Silva para “O Táxi 9297”, um dos grandes clássicos do cinema mudo português, de autoria do controverso Reinaldo Ferreira, mais conhecido por Repórter X.
O Ciclo Concertos de Páscoa tem sempre um rico repertório para reviver ou revelar sobre a narrativa da Paixão de Cristo, tal foi, e continua a ser, a sua força expressi- va. Entre o singular “Stabat Mater” de José Joaquim dos Santos – um dos compositores mais celebrados do barroco tardio português – e a exaltação espiritual e estética que, desde o primeiro compasso, nos concede “Um Requiem Alemão” de Brahms, não serão poucos os motivos para uma vinda à Casa da Música.
Para abril estava reservada uma “edição especial” de Música & Revolução, evocando, através da música, os 50 anos da “revolução dos cravos” e – o que nunca é demais – relembrando que foi a instauração de um regime democrático, da liberdade de expressão e da circulação de pessoas e ideias que possibilitou que novas gerações de artistas, músicos e compositores se tenham podido formar e criar num ambiente mais respirável e livre da censura, a não ser a autoinfligida ou permitida. Os oito concertos que compõem o festival remetem-nos para os tempos sufocantes da ditadura e para músicos e compositores que, cada um à sua maneira, resistiram, sofreram o cancelamento ou saltaram o muro para ir ao encontro de espaços de modernidade e liberdade. Lopes-Graça, Jorge Peixinho, Constança Capdeville, Zeca Afonso, Carlos Paredes e, com ênfase particular, Emmanuel Nunes, conviverão com a nova geração aqui representada por Vasco Mendonça, Pedro Lima e Daniel Moreira, de quem se estreará uma obra para orquestra, coros adulto e infantil e eletrónica, com base nos luminosos poemas com que Sophia de Mello Breyner Andresen nos deu a ver o 25 de abril de 1974.
Os tempos da renovada esperança e crença no futuro chegam pontualmente em maio com Rito da Primavera. A celebração da natureza que renasce e da juventude que nos impele para o futuro, traduzidos pelos concertos do Prémio Novos Talentos AGEAS, Prémio Jovens Músicos / Antena 2, ECHO Rising Stars, Future Rocks e Future Jazz.
Em junho abre, como é hábito, a programação do período estival. Verão da Casa é o tempo em que levamos a música num espírito festivo e mais informal ao espaço público, seja com os concertos de jazz, hip-hop e pop-rock na Esplanada, seja nos grandes concertos sinfónicos ao ar livre na área Metropolitana do Porto. Para encerrar o ciclo e a marcar a rentrée cultural da cidade do Porto, os concertos na Avenida dos Aliados oferecem à população o tradicional concerto da Orquestra Sinfónica e um espetáculo que, para além de um fortíssimo valor simbólico, representa um momento na vida que os protagonistas julgariam impossível: a subida ao grande palco aberto da cidade da Orquestra “Som da Rua”.
Chegados a outubro, iremos na décima segunda edição de Outono em Jazz, outro dos pontos imperdíveis da temporada, que tão boas recordações tem deixado nos amantes de um género que, não escondendo as suas raízes afro-americanas, nele deixa desaguar afluentes que tanto o podem aproximar das vanguardas contemporâneas – induzidas pelo uso da lutherie eletrónica – como o contaminar por ritmos sul-americanos.
Se o jazz foi uma das mais originais criações da música no século XX, a criação do estilo barroco foi outra página crucial na história da música ocidental, cujas “invenções” perduraram e constituíram mesmo um momento charneira, aqui com especial incidência sobre o género concerto, que coloca em confronto ou diálogo um solista virtuoso (ou vários) e um coletivo orquestral.
É em À Volta do Barroco que todos os anos, em novembro, se vai ilustrando esta profunda relação entre a música de há quatro séculos e a de tempos mais recentes, proporcionando ao público combinações inesperadas de repertório e de formações musicais tão diversas como a Orquestra Sinfónica, a Orquestra Barroca, o Coro ou o Remix Ensemble.
A música portuguesa voltará a estar em destaque através de compositores e intérpretes que nos proporcionam um confronto criativo entre obras do período de transição da polifonia renascentista para o barroco, deste para o clássico e até à atualidade do género concerto.
Destaques para Andreas Staier, que à frente da Orquestra Barroca nos brindará com a sua interpretação, sempre vertiginosa, do concerto para cravo mais famoso de Carlos Seixas; para a estreia do concerto para violino e ensemble de Vasco Mendonça, com Carolin Widmann no papel de solista; para João Barradas numa interpretação surpreendente do seu próprio arranjo para acordeão do Concerto para Cravo n.o 1 de J. S. Bach, numa noite que terminará com o Coro e a Orquestra Sinfónica a não nos deixarem esquecer uma das grandes obras corais-sinfónicas do nosso repertório, Libera me, de João Domingos Bomtempo.
Música para o Natal chega, finalmente, para nos encher o coração de música de júbilo e a alma com o refrigério e humanidade de que nem todos, neste planeta enlouquecido, poderão usufruir. Desde a deliciosa música para a véspera de Natal de Rimski-Korsakoff até ao sempre maravilhoso Messias de Händel, a Orquestra Sinfónica e a Orquestra Barroca com o Coro e Coro Infantil transmitirão uma mensagem de paz, tão forte quanto todos o queiramos.
Anunciam-se para este ano de 2024 algumas das mais relevantes digressões internacionais da Orquestra Sinfónica, do Remix Ensemble, da Orquestra Barroca e produções do Serviço Educativo, com passagem pelo Festival “Acht Brücken” de Colónia, pela prestigiada série “musica viva des Bayerischen Rundfunk” de Munique, pelo Auditorium de Lyon.
Resumir o ANO DE PORTUGAL na Casa da Música à música portuguesa não seria prestar um grande serviço à causa. Persistindo neste percurso de exigência e de abertura ao mundo, com plena consciência da nossa responsabilidade mediadora, educativa e social; de total comprometimento com o valor intrínseco da música, cá vos esperamos para uma grande celebração da música do nosso país, no necessário confronto com as grandes referências do cânone ou na antecipação do novo no panorama internacional.
ANTÓNIO JORGE PACHECO