Música & Revolução

O espírito revolucionário que quebra com o passado e desenha novos amanhãs celebra-se no festival Música & Revolução. Nos 50 anos da Revolução dos Cravos, evocamos os ideais e as lutas pela liberdade que abriram o país ao mundo. Lembramos a música de Jorge Peixinho, Fernando Lopes-Graça, Constança Capdeville e Emmanuel Nunes, figuras tutelares da nova música em Portugal, e o espaço que criaram para os novos compositores. Logo a abrir, a conferência “Passa o Micro” dá a palavra aos músicos, para falarem sobre música, e a exibição do documentário No princípio era o som leva-nos ao encontro de Emmanuel Nunes, figura incontornável da música portuguesa e da história da Casa da Música. A Orquestra Sinfónica junta-se ao Coro para estrear uma encomenda a Daniel Moreira – uma nova obra sobre poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen – e apresenta ainda uma nova composição de Vasco Mendonça a partir de poemas norte-americanos interventivos, centrados nos temas mais prementes do nosso tempo – o racismo e o neocolonialismo. Racismo esse que remeteu ao quase esquecimento Vicente Lusitano, o compositor português que mais se destacou no meio musical da Roma quinhentista. Homenageamos ainda José Afonso, que foi tema central da primeira edição deste festival, em 2007, num concerto especial por uma orquestra gigante de flautas, clarinetes e saxofones. O espetáculo Abril, do Serviço Educativo, reúne em palco ex-combatentes do exército português com jovens músicos e estudantes de dança, e “Freedom”, pela voz de Hélder Moutinho, vem demonstrar que o fado sempre foi uma canção de protesto. Pelo meio, a harpista Maria Sá Silva homenageia Carlos Paredes, músico que fez da guitarra portuguesa o seu grito de liberdade.